Uso de serviços odontológicos por pacientes com síndrome de Down
OLIVEIRA, A. C; CZERESNIA, D; PAIVA, S. M; CAMPOS, M. R; FERREIRA, E. F. Uso de serviços odontológicos por pacientes com síndrome de Down. Rev Saúde Pública, v.42, n.4, p.693-699, 2008.
“A síndrome de Down ou Trissomia do 21 representa a anomalia cromossômica mais comum da espécie humana. Nos últimos anos houve um grande progresso no tratamento físico e mental de crianças com essa síndrome, resultando em um significativo aumento na sobrevida e maior integração à sociedade.18 A saúde bucal representa um aspecto importante para a inclusão social de pessoas com deficiência.10” (p.694)
“Uma prática de trabalho multidisciplinar vai ao encontro da discussão da integralidade na atenção e do cuidado do usuário dentro dos programas de saúde. A integralidade representa um atributo importante a ser considerado na avaliação da qualidade do cuidado e dos serviços e sistemas de saúde. Defender esse atributo significa buscar práticas de saúde em que os profissionais se relacionem com sujeitos, e não com objetos.5,12” (p.694)
“A integralidade é um valor a ser defendido em todas as práticas de saúde, e não apenas naquelas pertencentes ao SUS.12,15 Para isso, é essencial que os serviços ofereçam ações articuladas de promoção da saúde, prevenção dos fatores de risco, assistência aos danos e reabilitação.6,15” (p.695)
“Considerando-se as diversas manifestações sistêmicas e bucais presentes na síndrome de Down, é primordial que a população acometida seja assistida de forma integral pela equipe de saúde, incluindo a atenção odontológica. Tendo como perspectiva a prática da integralidade do atendimento, o presente estudo teve por objetivo analisar os fatores relacionados à atenção odontológica recebida por crianças e adolescentes com síndrome de Down.” (p.695)
“A análise bivariada identificou que as variáveis “idade”, “hábito de bruxismo”, “história prévia de cirurgia”, “orientação profissional para que a mãe levasse o filho com síndrome de Down ao dentista” e “presença de lesão de cárie dentária” foram associadas estatisticamente ao fato da criança ou adolescente já ter sido submetido a alguma consulta odontológica.” (p.697)
“Com o avanço da idade, as alterações dentárias comuns à síndrome de Down podem provocar intercorrências que necessitarão da intervenção do dentista, na maior parte curativas. Em estudo longitudinal de sete anos na Suécia Agholme et al1 (1999) constataram o desenvolvimento e agravamento da doença periodontal com adolescentes trissômicos.” (p.698)
“Vários problemas dentários associados à síndrome de Down podem ser eliminados ou minimizados em pacientes assistidos pelo dentista ainda na fase de dentição decídua.” (p.698)
“A integralidade vem sendo incorporada à consciência crítica dos profi ssionais de saúde. Não basta, no entanto, que esses profi ssionais possuam um olhar atento e capaz de apreender as necessidades do usuário se a população não tem condições de acesso a um sistema com cuidados integrais. Embora o estudo tenha identificado alto percentual de crianças e adolescentes com síndrome de Down com atenção odontológica, o fato desses pacientes já terem ido ao dentista não significa, necessariamente, que tenham recebido atenção odontológica integral e contínua.” (p.699)
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